quinta-feira, 17 de maio de 2012

Poema cego.

 "A Refeição do Cego" - Pablo Picasso em 1903

Os céus estão nublados, e minha aura já não muda mais de cor.
Não sinto os dedos do meu pé esquerdo.
Antes fosse o direito. Direitos. Seja direito.

Me embriago sem álcool, sem fumo, sem pó.
fico nua com roupas,
de palavras puras xingo os demônios,
a escara, o calor.

Antes tivesse ficado na casa de meus pais,
meus livros empoeirados na estante,
instantes me sobravam, me cobriam,
vivia sem dor, e quanto tremor!

Uma xícara de chá para os meus fantasmas,
sem açúcar? Com mel?
 - Duas gostas de lágrimas, por favor.



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