quinta-feira, 3 de maio de 2012

Estou andando?




Passa o tempo, passo fria, passa a vida
e eu fico.
Passo em passos calados
cuidado. A calçada está escorregadia.
Passo tão calma e sem vida,
passo beliscando os postes,
para não passar despercebida.

Passo por você e repasso,
sem sons, sem psius, sem assaltos.

Ninguém me viu,

continuei passada, estou passando,
sou a morena descalça,
sou a garota calma,
sou eu que vou, devagar,
devagar, tenho medo de ser vista,
estou querendo ser conhecida,

Ninguém me viu.

E quando chove deixo a chuva beijar meu rosto,
me sinto nua, ela me veste,
me sinto fria, ela me aquece!
A chuva me ergue, está me abraçando,
e o som gelado de seus pingos que não consigo pegar,
caem e se desmontam no chão...
No chão.. Não é em vão,
os céus não sentem a dor da água,
minhas costas descobertas sim.

Aonde vou?
Tenho pressa, me apressa, não quero ver o sol.

Vou pisando calma, estou passando sem descompasso,
já é manhã, quem vem?
Ninguém? Nenhum psiu,

Ninguém me viu.

Um comentário:

  1. Muito belo... Sempre o taleto da poesia fica a flor da pele em tudo o que tu escreve... Beijos

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Ah, obrigada!