quinta-feira, 17 de maio de 2012

Poema cego.

 "A Refeição do Cego" - Pablo Picasso em 1903

Os céus estão nublados, e minha aura já não muda mais de cor.
Não sinto os dedos do meu pé esquerdo.
Antes fosse o direito. Direitos. Seja direito.

Me embriago sem álcool, sem fumo, sem pó.
fico nua com roupas,
de palavras puras xingo os demônios,
a escara, o calor.

Antes tivesse ficado na casa de meus pais,
meus livros empoeirados na estante,
instantes me sobravam, me cobriam,
vivia sem dor, e quanto tremor!

Uma xícara de chá para os meus fantasmas,
sem açúcar? Com mel?
 - Duas gostas de lágrimas, por favor.



terça-feira, 8 de maio de 2012

Olhe só.



Quem sabe por onde começa a esperança?
Algo ruim tem mesmo que acontecer?
não precisa perder para ver,
não é preciso ver para crer!
Até porque, a esperança cansa.

E eu me canso, eu me canso!
Minha vontade é gritar,
mas sou preguiçosa demais..
Vamos parar de falar?

Não, espere..
Tem algo para lembrar!
Hoje observando o sol, que alaranjado era beijado, e as nuvens, ousadas, sem timidez alguma quase devorando o sol, me piscaram uma canção, um beliscão de indelicadeza e eu.. Eu não quis ver, sou preguiçosa demais para ouvir histórias.. Ah.. Gosto do meu lugar, pode ser qualquer lugar, pode ter pepel, pode ter um livro, mas também se não tiver não faz mal, minha mente é tão imensa que tropeço e me perco, quando entro nesse mundo, perco os medos, os desejos e meu coração palpita leve, tão leve. Ora essa, sobre o que mesmo estávamos falando? Oh céus, meus relógios estão perdidos.

Vem um moço branco passando com seu relógio dourado enorme escondendo seu pulso, cem pulsos, camisa listrada de botão, é de um roxo com listras transversais azuis e sua calça preta com um cinto de couro brilhante combinando com seus sapatos, hora, que sapatos apertados. - Quase me escapa uma pergunta, mas se está mesmo apertado, isso não me diz respeito e que respeito. Sua barba bem feita e cabelo de lado, o vento que passou por ele beijando seu pescoço, passou por mim, que estou aqui, hora, que cheiroso! Vem vindo uma moça morena esbelta, cabelos longos, short curto "belas pernas", tropeçou distraída no sapato apertado do moço branco que parado falava ao celular. - "Opa, cuidado garota" ele riu, ela com suas bochechas que tão rápido ficaram vermelhas sorriu tímida e tremula com o braço sendo segurado por o moço de barba feita que o apertava. Ele não notou, Ela olhou para o braço, Ele também corou e a soltou - Me desculpe, - Está tudo bem, ela retrucou, jogou os cabelos longos olhando com seus olhos pintados para longe e tentando alongar o short, mordeu os lábios rosados, saiu tropeçando. Ele não retirou os olhos, e então. - Opa, desculpa, sobre o que estávamos falando?

As nuvens se fixaram, o sol me puxa os cabelos e eu leve.. Sinto distantemente as pedrinhas da parede pressionadas sobre minhas costas magras, notebook no colo, estou em degraus. Tem muito verde aqui, como não? É um Campus, veja só, lá se vai, o moço sem barba vai embora, engraçado, ele anda leve, tem pressa, algo o apressa? Chaves de carro, acho que na verdade seu sapato não aperta! Distante, Distante, não o vejo mais. Não vejo mais ninguém.

- De mim?
Travessuras de minha mente, me desloco tão fácil que é irritante, deveria está estudando parasitologia, mas no lugar de um livro da disciplina peguei uma ficção literária para ler, e o livro é uma graça, A menina que não sabia ler. Estou lendo.
O sol me morde, é melhor eu ir embora. Talvez eu não vá, minha mente, mente e eu fico perdida a mercê de seus gostos.  Mas pelo menos esse texto vou finalizar, para não dizer que não falei sobre mim.

Beijos Mil, deveria mandar beijos em uma postagem em um blog? Ora, essas coisas são uma confusão.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Estou andando?




Passa o tempo, passo fria, passa a vida
e eu fico.
Passo em passos calados
cuidado. A calçada está escorregadia.
Passo tão calma e sem vida,
passo beliscando os postes,
para não passar despercebida.

Passo por você e repasso,
sem sons, sem psius, sem assaltos.

Ninguém me viu,

continuei passada, estou passando,
sou a morena descalça,
sou a garota calma,
sou eu que vou, devagar,
devagar, tenho medo de ser vista,
estou querendo ser conhecida,

Ninguém me viu.

E quando chove deixo a chuva beijar meu rosto,
me sinto nua, ela me veste,
me sinto fria, ela me aquece!
A chuva me ergue, está me abraçando,
e o som gelado de seus pingos que não consigo pegar,
caem e se desmontam no chão...
No chão.. Não é em vão,
os céus não sentem a dor da água,
minhas costas descobertas sim.

Aonde vou?
Tenho pressa, me apressa, não quero ver o sol.

Vou pisando calma, estou passando sem descompasso,
já é manhã, quem vem?
Ninguém? Nenhum psiu,

Ninguém me viu.