quinta-feira, 29 de abril de 2010

A ultima dança.

Quando o vento sopra uma cantiga
uma mentira, um verso escasso
quem primeiro salpica, esculta, grita!
é ela, tão purpura, do vento, à namorada

Quando em ladainha, o vento lhe sopra
uma musica desvairada, ela se ressalta
se contorce, dança com o vento entrelaçada
Seu longo pescoço, postura de cisne
seu corpo esbelto, não é mais
não é mais uma menina
Mulher, do vento, purpurina.

E o vento, sem ar, respira alfado
perde a força com a mulher em seus braços
E eles se perdem, em paços com descompasso

Pernas longas, mãos delicadas
rosto, retrato forte, olhar ensolarado
É com ela que o vento morre nos próprios
com os próprios versos escassos.

Samara Lemos

quarta-feira, 28 de abril de 2010

A menina encantada e o poeta ladrão.

Um beijo roubado não é definido como pecado
Mas, a doce menina que foi violentada
Oh, poeta, poeta, o que fizestes com teu pudor?
Logo tu, bravo trovador,
rasgas assim um par de lábios tão meigo..

Duas pétalas ressecadas
um beijo no canto roubado
um par de grandes olhos encharcados
e as bochechas avermelhadas
Tão aveludado são seus cachos cobrindo seus seios
e o poeta desbravo, cortou-se em pecado
quando dessa tão pura donzela roubo um beijo.

E quando ambos os peitos se abrem em paixão
o que resta é o desejo, à devação.
E quem impidirá tal amor? Eu, escritora de atos insanos?
Não, não insanos, doces, puros e românticos.

Quem retrata assim, em foto de poesia
um segundo beijo, esse não mais, esse não tem agonia
E como é nobre o poeta que segura suas mãos
lhe beija, lhe jura uma eterna paixão.

Que menina tão pura, que sorrir sem ventura
abraça tão suavemente tal rapaz, remetente
de um amor de ternura
a menina encantada com o poeta ladrão
um beijo, o beijo será o roubo que os levará
a uma eterna prisão.

Samara Lemos

domingo, 25 de abril de 2010

Defina o explícito.

guie-se, guie-se
cuidado, não se perca, não beba, não fume
cuidado, prevaleça, erga-se, aconteça!

Direcione-se, direcione-se
cuidado não desvie-se, não morra, não desaponte!
Vamos, seja bom, certo e magro!

Ah, a devação,
rasgue-se, rasgue-se!

Crie-se, viva, não desvie-se.

Do tudo que provastes, o que não gostasse?
- E o que não bebesse, como podes não dizer?

Ah!

Opine-se, velha radiola radioativada!
Prepare-se, prove e guarde,
não vicie-se, ame, domine!

Vai, grande, grande Sábio!

- Não importa quem foi ou quem veio,
o que vai nem o que se foi
você não pode criticar o que não fez
nem definir o que está explícito!

Velho cão de guarda das coisas guardadas.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Me leias.

Mesmo que não me leias,
silenciosamente eu te sussurro,
poemas, poemas, poemas viúvos.

E quando baixinho eu te leio
pulo de alegria, faço barulho em harmonia,
silencio de poesia.

Só peço que não esqueças
que o poema me trás tanta, tanta alegria
é precioso absorver quase sempre, algo que em mim,
Só faz crescer.

terça-feira, 13 de abril de 2010

O que é vida ?

respondo apenas com o suspiro
com o ar que me atravessa os pulmões..

... e também, talvez tenha razão, algo que badala dentro do meu seio
sinto o leve pulsar do meu coração.

Na minha vida, sinistra e lânguida vida
um grande amor, primeiro, mas que já me roubou algo que em meu seio se digere palpitando com muito mais calor.

É a realidade, de um verdadeiro amor.

Grande poeta ou falso profeta ?

Eu, poeta do absurdo
absurdamente poetizo
sobre os poetas patetas que se julgam profetas
falando sempre do futuro.

E veja só, quem diria,
disse o poeta que o fim do mundo viria,
ô Deus, quão temor, o poeta falou?
E Deus, Deus sebe fazer poesia?

- ó, não, não, mas é um bom leitor.

Disse ele em nome dos céu
"Deus me contratou como seu escritor"

- Mas, Deus não sabe escrever?
Quanto luxo o Deus dos pobres pode ter?

Rápido confessionário.

Eu confesso que já não me basta uma vida
que essa estar-me limitada,
minha integridade física já não cabe mais nessa bola, chamada: vida.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Dose dupla.

To de saco cheio,
e que morra a esperança
já não me satisfaz esse sorriso forçado que me doí as bochechas;
- Me tirem de vista tudo o que tiver cor
- Me queimem os olhos, por favor?

Quero agora apenas o preto
um vazio sem barulho
- Uma dose dupla de veneno, faz favor?

Que mal sem graça, sofrer por nada,
- Me deixem sozinha, pelo amor de Deus!
Oh Deus, o amor, o que sei ou Deus sabe sobre ele?
Quem, quem foi mesmo que o criou?
Belo amor, à o que ele me levou?
Um rápido suicídio, jájá
Antes, quero ler meu texto
ver se esta explicito meu desejo,
de morrer de tédio, sem paz nem cor.