Nós duas.

Sentei no sofá junto a mim,

me servi chá

blues para acalmar

comi alguns biscoitos,

mas não quis me acompanhar.

Discutimos filosofia

comparamos Nietsche e Spinoza,

recitei-me algumas poesias,

fiz graça para a moça que eu era, sentada.

Então decidimos dançar,

eu  a principio estava tímida,

mas aos poucos me vi me soltar

me embalo por baixo dos meus cabelos castanhos

sorrisos largos, parei para me observar

mãos tremulas, mente confusa,

pouca beleza, mas as palavras são puras

era eu, dançando comigo mesma em uma tarde de quinta

talvez devêssemos está fazendo outra coisa

quem sabe? Não nós lembramos.

Moço bonito.

Você passou calado, passos tímidos
sempre com muito cuidado
um cheiro amadeirado toma o espaço
- é o seu perfume?
- com licença, estou apresado.

E se foi e se vai
o moço bonito de Pernambuco
o moço bonito de passos rápidos
barba pra fazer, cabelo bem penteado
- aonde vai?
- Estou com pressa, me deixe calado.

Meu sorriso tímido toma meu rosto comprido
minhas bochechas vermelhas se apertam
o moço se vai...
o moço se vai sem querer me ver
o moço se vai, com sua barba pra fazer

E eu ainda sinto seu perfume
vejo seus olhos languidos
seu sinal arredondado bem embaixo do olho direito
castanho, castanhos
branco, sorriso franco, forçado? Talvez.

Era o moço bonito que passava
era o moço castanho que não me levou
era o moço perfumado que me roubou
me roubou meus olhos, meu pulsar
minha paz.

Queria ter uma imagem para por, 

mas não tenho, também não sou boa com desenho,

quem nunca se apaixonou por a imagem de um estranho?

Só riso.

O sorriso é um relance,
um estado de euforia, as vezes planejado
as vezes é apenas o nosso estado.

- Não vou sorrir por sorrir,
foi oque de você, eu ouvi.
Minutos depois um sorriso forçado
sobre uma piada sem graça feita sobre você.
- Isso é para não mostrar fraqueza!
É assim que tem que ser...

É... Sigo sem saber,
O sorriso é uma obrigação,
e sempre assim, para mim vai ser.