sexta-feira, 9 de julho de 2010

Reflexo,

Hoje fui surrada. Não as palmadas sob violência física e sim sob um olhar que me mastigou como se eu fosse fagulhas, estraçalhando-me com os dentes de tubarão, pude sentir-lhe toda a ironia, não havia ódio, não, ele não me odiava, mas aquele olhar, sabe, ele me engoliu e como se já não ouve-se menosprezado-me tão arrogantemente ele não quis digeri, ele negou-se a me libertar e mesmo eu ali, dentro dele, ele me olhava, me fazia sentir a humilhação, o desprezo, embora ele me amasse. Foi quando retirei meus olhos e parei de encara-lo, mas ele também parou, também olhou pra baixo e eu já sentia náuseas. - O problema de olha-lo é que ele me olha de volta. Como posso eu querer negar o espelho? Ele me reflete, mas ao mesmo tempo me encara de forma tão submissa, parece não ter medo de nada e estraçalha com seu olhar fulminate serpeando fogo por entre meus sonhos languidos.

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